Tipos de obsessão
Tipos de obsessão
Kardec, em “O Livro dos Espíritos” e “O Livro
dos Médiuns”, trata das obsessões, das fascinações e das subjugações, trazendo
informações importantes.
Possessão
Para Kardec, possessão seria sinônimo de
subjugação, porquanto outrora o nome possessão era o império exercido por maus
Espíritos, quando a influência deles ia até à aberração das faculdades da
vítima.
Por dois motivos Kardec não adotou esse termo:
porque implica na crença de seres criados para o mal e perpetuamente votados ao
mal, enquanto que não há senão seres mais ou menos imperfeitos, os quais todos
podem melhorar-se; e porque implica igualmente a ideia do apoderamento de um
corpo por um Espírito estranho, de uma espécie de coabitação, ao passo que o
que há é apenas constrangimento.
A palavra subjugação exprime perfeitamente a
ideia. Assim, não há possessos, no sentido vulgar do termo, há somente
obsidiados, subjugados e fascinados.
Um Espírito não pode tomar temporariamente o
invólucro corporal de uma pessoa viva, isto é, introduzir-se num corpo animado
e obrar em lugar do outro que se acha encarnado neste corpo.
O Espírito não entra em um corpo.
Identifica-se com um Espírito encarnado, cujos defeitos e qualidades sejam os
mesmos que os seus, a fim de obrar conjuntamente com ele. Mas, o encarnado é
sempre quem atua, conforme quer, sobre a matéria de que se acha revestido. Um
Espírito não pode substituir-se ao que está encarnado, por isso que este terá que
permanecer ligado ao seu corpo até ao termo fixado para sua existência
material.
Por outro lado, pode a alma ficar na
dependência de outro Espírito, de modo a se achar subjugada ou obsidiada ao
ponto de a sua vontade vir a achar-se, de certa maneira, paralisada. Mas, para
tanto, é preciso o consentimento daquele que sofre a ação, sem o que não se
efetua. Isso ocorre devido à fraqueza do ser, ou por desejá-la.
O termo “possesso” só se deve admitir como
exprimindo a dependência absoluta em que uma alma pode achar-se com relação a
Espíritos imperfeitos que a subjuguem.
Obsessão
A palavra obsessão é, de certo modo, um termo
genérico, pelo qual se designa essa espécie de fenômeno, cujas principais
variedades são: a obsessão simples, a fascinação e a subjugação.
A obsessão é a ação
persistente ou domínio que alguns Espíritos logram adquirir sobre certas
pessoas. É praticada pelos Espíritos inferiores, que procuram dominar.
Apresenta caracteres
muito diversos, desde a simples influência moral, sem perceptíveis sinais
exteriores, até a perturbação completa do organismo e das faculdades mentais. Para
tanto, é preciso distinguir conforme resultem do grau do constrangimento e da natureza
dos efeitos que produz.
Um dos caracteres
distintivos dos maus Espíritos é a imposição; eles dão ordens e querem ser
obedecidos; os bons nunca se impõem; dão conselhos, e, se não são atendidos,
retiram-se. Resulta daí que a impressão que em nós produzem os maus Espíritos é
sempre penosa, fatigante e muitas vezes desagradável.
Na obsessão simples, ocorre um grau de
constrangimento que se limita a perturbar a vontade, a emoção e o psiquismo do
paciente obsidiado. O Espírito inferior incomoda o indivíduo, mas não domina em
profundidade o seu psiquismo. É ação inoportuna e desagradável, em que um
Espírito se agarra à pessoa com tenacidade, causando mal-estar generalizado.
Alguém que tenha o sono perturbado por
pesadelos, pode estar sendo vítima de uma obsessão simples. Se, no entanto, os
efeitos provocados por esses sonhos ruins permanecem, significativa parte do
dia, incomodando o enfermo, o caso pode ser classificado como uma subjugação moral.
Fascinação
É uma ilusão produzida
pela ação direta do Espírito sobre o pensamento, na mente do obsidiado (ideias
fixas, imagens hipnotizantes, mágoas, fantasias, etc.). Nessa situação, o
obsessor é ardiloso e hipócrita, simulando falsa virtude.
O fascinado não acredita que o esteja
enganando: o Espírito tem a arte de lhe inspirar confiança cega, que o impede
de ver o embuste e de compreender o absurdo.
Da fascinação, não se acham isentos nem os
homens de mais espírito, os mais instruídos e os mais inteligentes sob outros
aspectos, o que prova que tal aberração é efeito de uma causa estranha, cuja
influência eles sofrem.
Graças à ilusão que dela decorre, o Espírito
conduz o indivíduo de quem ele chegou a apoderar-se, como faria com um cego, e
pode levá-lo a aceitar as doutrinas mais estranhas, as teorias mais falsas,
como se fossem a única expressão da verdade. Ainda mais, pode levá-lo a
situações ridículas, comprometedoras e até perigosas.
Compreende-se facilmente toda a diferença que
existe entre a obsessão simples e a fascinação; compreende-se também que os
Espíritos que produzem esses dois efeitos devem diferir de caráter.
Na primeira, o Espírito que se agarra à pessoa
não passa de um importuno pela sua tenacidade e de quem aquela se impacienta
por desembaraçar-se.
Na segunda, a coisa é muito diversa. Para
chegar a tais fins, preciso é que o Espírito seja destro, ardiloso e
profundamente hipócrita, porquanto não pode operar a mudança e fazer-se
acolhido, senão por meio da máscara que toma e de um falso aspecto de virtude.
Os grandes termos – caridade, humildade, amor
de Deus – lhe servem como que de carta de crédito, porém, através de tudo isso,
deixa passar sinais de inferioridade, que só o fascinado é incapaz de perceber.
Por isso mesmo, o que o fascinador mais teme são as pessoas que veem claro. Daí
o consistir a sua tática, quase sempre, em inspirar ao seu intérprete o
afastamento de quem quer que lhe possa abrir os olhos. Por esse meio, evitando
toda contradição, fica certo de ter razão sempre.
Subjugação
A subjugação é uma constrição que paralisa a
vontade daquele que a sofre e o faz agir a seu mau grado. O paciente fica sob
um verdadeiro jugo.
A subjugação pode ser moral ou corporal.
No primeiro caso, o subjugado é constrangido a
tomar resoluções muitas vezes absurdas e comprometedoras que, por uma espécie
de ilusão, ele julga sensatas: é uma como fascinação.
No segundo caso, o Espírito atua sobre os
órgãos materiais e provoca movimentos involuntários. Vai, às vezes, mais longe
a subjugação corporal; pode levar aos mais ridículos atos.
Nos casos de subjugação, a obsessão pode levar
a uma espécie de loucura cuja causa se desconhece, mas que não tem relação
alguma com a loucura orgânica propriamente dita.
Entre os que são tidos por loucos, muitos há
que apenas são subjugados, que precisariam de um tratamento moral, enquanto que
com os tratamentos corporais os tornamos verdadeiros loucos.
As enfermidades mentais produzidas pela
obsessão fazem compreender que um bando de Espíritos malfazejos pode lançar-se
sobre certo número de indivíduos, deles se apoderar e produzir uma espécie de
epidemia moral.
A ignorância, a fraqueza das faculdades e a
ausência de cultura intelectual, naturalmente, facultam-lhes maior influência.
É por isso que eles prejudicam, de preferência, certas classes, embora as
pessoas inteligentes e instruídas nem sempre estejam isentas.
Na atualidade, os processos obsessivos
apresentam características de uma epidemia, podendo ser controlada ou
neutralizada somente pela força do bem.
Estamos cercados por inúmeros Espíritos
perturbados, encarnados e desencarnados, que buscam nos influenciar de todas as
formas.
Impossível desconhecer as dificuldades e os problemas
a que estamos sujeitos pela influência dos companheiros apresados nas teias de
revolta e desequilíbrio.
Entretanto, se a bondade do Senhor os
encaminha, é que partilhamos com eles o mesmo quinhão de débito a resgatar ou
de serviço a desenvolver.
Se nos trazem sensações de tristeza ou de
angústia, é que ainda temos os corações, quais os deles, arraigados à sombra de
Espírito.
Recebamo-los na trilha do respeito, quando não
nos seja possível acolhê-los no portal da alegria. E comecemos a obra do reajuste,
acendendo no íntimo a chama da prece; ela clareará nossas almas e interpretá-los-emos
tais quais são: nossos companheiros de caminhada e obreiros indispensáveis da
vida.
DENIS,
Léon. O problema do ser, do destino e da dor. 32ª Edição.
Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2017.
KARDEC, Allan; tradução de Guillon
Ribeiro. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 1ª Edição. Brasília/DF:
Federação Espírita Brasileira, 2019.
KARDEC, Allan; tradução de Guillon
Ribeiro. O Livro dos Espíritos. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação
Espírita Brasileira, 2019.
KARDEC, Allan; tradução de Guillon
Ribeiro. O Livro dos Médiuns. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita
Brasileira, 2019.
MIRANDA, Manoel Philomeno de (Espírito), na psicografia Manoel Divaldo
Pereira Franco. Nos bastidores da obsessão. 13ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita
Brasileira, 2016.
ROCHA, Cecília (organizadora). Estudo Sistematizado da Doutrina
Espírita – Programa Complementar – Tomo Único. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita
Brasileira, 2014.
SCHUBERT, Suely Caldas. Obsessão/Desobsessão: profilaxia e
terapêutica espíritas. 3ª Edição. Brasília/DF:
Federação Espírita Brasileira, 2018.

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